16 June 2006

uma questão semiótica

Quem anda por esse país fora, já deve reparado na quantidade de bandeiras lusas que populam por essas janelas, varandas, balcões, marquises, tejadilhos, antenas, enfim tudo serve para se embandeirar em arco. Nada de novo até aqui. Mas hoje apercebi-me de algo... se calhar foi só uma associação estranha... que a quantidade de bandeiras, e salvo as devidas excepções, é proporcionalmente inversa à suposta riqueza monetária dos agentes bandeirantes. Não tenho visto muitas bandeiras em bairros "bem" ou carros de alta cilindrada, ao passo que quanto mais "pobre" em termos monetários, entenda-se, é o local, mais bandeiras existem, chegando até ao cúmulo de parecerem competir nas janelas. Então em bairros sociais é impressionante o despertar de cor. Com isto, sou levado a concluir que a maioria das pessoas que têm menos dinheiro, são mais óptimistas e crentes. Eu sei que esta não é uma grande conclusão, mas nunca tinha pensado nela em termos de significação social. E assim posso começar a recrutar entre aquela gente tão optimista pessoas para mudar o nosso país e torná-lo melhor. Talvez os decisores politicos e financeiros, é que fazem com que este país pareça pouco optimista, pois neles não se vêm grandes bandeiras apelando a um sentimento de unidade. Mas com isto resta-me uma, entre várias dúvidas, será que os remediados sabem alguma coisa da iconografia da nossa bandeira? E os Srs Drs e agentes abastados, saberão eles também o seu significado? AQUI
Assim resta-me concluir a conclusão. Num país onde 2/3 é pobre, o optimismo é rei, só falta mesmo é saber se ele apenas se aplica ao Futebol, ou ao Scolari?
Saudações nacionalistas, sem com isto querer insinuar alguma coisa...

4 Comments:

Anonymous Anonymous escreveu...

Caro Tony Ventoinha:
As suas conclusões ( pobres +bandeiras= optimismo) são sugestivas, sobretudo porque são bastante optimistas. Se temos uma maioria de optimistas, temos uma maioria de hipóteses de sair da crise. Gostaria que fosse possível acreditarmos todos, optimisticamente, nisto. Infelizmente receio bem que não seja assim. Os ricos não põem bandeiras às janelas porque as bandeiras são tradicionalmente consideradas popularuchas e não combinam com a traça arquitectónica da Quinta da Marinha nem abonam a favor da estética das avenidas de Cascais. Aliás, dos verdadeiros ricos, vemos muito poucas fachadas. Quem sabe se, por detrás dos altos muros, escondidas entre as ramagens frondosas dos jardins, os chapéus de sol das piscinas não estão enfeitados de bandeiras? Nada podemos concluir, portanto, a respeito do optimismo dos ricos, se ele depender do seu embandeirar. Quanto às bandeiras dos pobres, receio bem que não sejam um sinal revigorante e positivo. Pelo contrário. É um sinal daquela esperança tipicamente portuguesa de que as coisas se resolvam por milagre ou de que talvez a sorte fique (sabe-se lá porquê!) do nosso lado. Num jogo de futebol só há três hipóteses de solução (vitória, derrota, empate) e uma delas há-de calhar-nos. Pode ser que tenhamos a sorte de ser a melhor…. É este o optimismo dos pobres. O mesmo que faz de nós um dos países europeus que mais joga no Euromilhões. Não é optimismo. É um pedido de socorro ao céu. Optimismo a sério, produtivo, prenunciador de soluções, seria aquele que pensa «Vamos deitar mãos ao trabalho, que quem trabalha é sempre recompensado!». Mas este é o tipo de optimismo que não se pode esperar em Portugal. E com o outro, o que só exige pendurar na janela uma bandeira que custou 2 euros no chinês, e depois ficar sentado, à espera, em frente à televisão, com esse não se resolvem crises, por muito bons que sejam os políticos.

Saturday, 17 June, 2006  
Blogger Capitão Tony Ventoinha escreveu...

Caramba, valsa-lenta, nao podia estar mais de acordo, mas como já deve ter reparaso, tento ser optimista, e sim, acredito que o trabalho liberta, e nos torna melhores, e que é preciso arregaçar mangas. Senão acreditasse no meu país, há muito que já me tinha ido embora. Como diz uma amiga minha, quem ama crítica. eu tento "optimizar"

Saturday, 17 June, 2006  
Anonymous Anonymous escreveu...

Ainda bem que estamos sintonizados. Se não fosse tão politicamente incorrecto, e mesmo perigoso, eu (que não gosto de futebol e acho histérico todo este estardalhaço em volta dos campeonatos) atrever-me-ia a lançar uma campanha pública contra o futebol profissional. O futebol é que é o verdadeiro ópio dos povos. Ninho de máfias e endeusamento de boçais. Dizem que é benéfico para a economia. Também as lutas de galos seriam, se as legalizassem. Nem tudo o que faz movimentar dinheiro deve ser legítimo. Andam a explicar isso há anos aos cartéis da droga da América do Sul.
Desta vez não vai concordar comigo, receio bem. É homem, há-de gostar de futebol. Paciência! Note que eu não tenho nada contra o futebol, a ser jogado, como qualquer outro desporto, por amadores, pessoas que querem fazer exercício e conviver aos fins de semana. O que me chateia é o futebol profissional e mafioso e a forma indecente como invade as nossas vidas, os nossos noticiários, as nossas revistas e jornais. Não podemos pôr-nos em contacto com o mundo sem levarmos com uma onda de futebol peganhento.

Saturday, 17 June, 2006  
Blogger Capitão Tony Ventoinha escreveu...

Oh homem não seja assim tão radical, olhe que como em tudo há bons profissionais. E porque não tb na bola. Já fui federado nos meus tempos juvenis, e continuo a achar que é um jogo muito bonito e muito engraçado, às vezes. Não dê tanta importância a quem dá tamanha importânta ao futebol. Concordo tb com a legalização dos opiácios, de maneira que possamos todos usufrir dos impostos que possam ser cobrados. Quanto a tudo o que diz com razão, olhe que às vezes o futebol tb é um desporto social muito importante, mais do que dividir as pessoas, aproxima-as, e isto não é demagogia. Quanto às máfias, elas não me chateiam, o que me chateia, é que os mafiosos, não se assumam e digam sempre que não há mafias. Um bom profissional mafioso tb os há. Respeito o seu não gosto pelo futebol, sim, esse novo, mais esctasy que ópio, do povo, mas deixe lá a maralha divertir-se, ou acha que os Suecos e graças a alguém tanbém a suecas não vibram com o futebol? Quem é pobre e tem curtos horizontes, apenas vislumbra as quatro linhas do campo da bola, mas eu às vezes olho para as bancadas e há por lá pessoas iguais a mim, normais. Não é o futebol profissional que está mal, o que está mal é não conseguir livrar-me desta inveja de ganhar numa vida o que eles ganham num mês...mas isso é um problema meu. E olhe, agora corto para canto.

Saturday, 17 June, 2006  

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